Eu sou radialista há 16 anos e, durante esse tempo,
permaneci neutro na política. Mas, sempre fui um leitor bastante crítico das
realidades sociais. Há muitas contradições na imprensa que me incomodam muito.
Tenho visto no rádio e na maioria dos veículos de comunicação da Bahia, as
informações sendo "maquiadas" ou "distorcidas" para
beneficiar certos empresários ou grupos econômicos; locutores se vendendo para
ganhar privilégios; movimentos sociais contra a opressão sendo calados.
Talvez você não saiba, mas, o uso do poder por
aqueles que controlam a política e a economia se manifesta na imprensa.
O discurso forjado por eles é tão bem elaborado que
a sociedade quase sempre não consegue discerni-lo. O método desse discurso é a
repetição: Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Método usado por
Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, para fazer o povo acreditar
em seu regime de segregação racial. Método que foi também utilizado pela
Ditadura Militar e que continua latente nas relações de poder na sociedade de
Porto Seguro.
Já observou quem são os inimigos de Ubaldino? Pra
mim, isso é sintomático: O Ubaldino incomoda
a classe dominante. Ele representa o grito dos excluídos.
Na época do regime militar, “No Caminho com Maiakóvsky”, um dos poemas mais
pungentes contra a ditadura, autoria de Eduardo Alves da Costa, o qual eu tomo
exemplo, denuncia a imprensa e os senhores políticos que controlavam a
informação e até mesmo o poder judiciário:
“os humildes baixam a cerviz
e nós que não temos pacto algum com os senhores do mundo
por temor nos calamos.
No silêncio do meu quarto a ousadia me afogueia a face
mas amanhã diante do juiz
talvez meus lábios calem a verdade
como foco de germes capaz de me destruir
Olho ao redor e tudo que vejo
E acabo por repetir
São mentiras”
O autor duvida da liberdade de ideias e pensamento,
pois sabe que a mente é manipulada em todo instante pela informação subversiva.
Ele se sente vítima do sistema opressor. Mas, ao mesmo tempo, não consegue
fazer ouvir o “grito” que, dentro dele, clama com um milhão de vozes.
“E
por temor eu me calo
Por temor eu aceito minha condição de falso democrata
rotulando meus gestos com a palavra liberdade
escondendo num sorriso
Eu tentei me manter neutro politicamente. Mas, isso
me afligia grandemente. Pois tudo o que eu via e ouvia era mentira, cruel e
desumana. A nossa sociedade, de Porto Seguro, está há oito anos debaixo do
julgo opressor de um grupo pequeno de “alguns” ambiciosos empresários e
políticos. O único capaz de confronta-los é Ubaldino. Por isso a metralhadora
está sempre virada contra ele. Os poderosos tentam a todo custo, minar a imagem
da rádio, tirar Ubaldino do ar. É contraditório para um profissional da
imprensa, como eu, perceber que a maioria dos veículos de comunicação da cidade
está na mão de alguma autoridade política, mas a "classe dominante"
de Porto Seguro só quer calar a 88. Por quê?[1]
Por que nós não reproduzimos o discurso hegemônico
deles. Pelo contrário, usamos esse veículo de comunicação, isto é, a Rádio 88
FM, para denuncia-los; para dizer a verdade; desmascará-los; para dar voz ao
povo.
Profissionalmente, eu cheguei em um patamar
privilegiado da comunicação. Hoje, posso me dar ao luxo de escolher qual o meu
campo de trabalho. Sou concursado em Itabela. Sou professor. Artista Plástico.
Escrevo... Mas, eu decidi trabalhar na 88 FM.
Trabalho pelo povo e para o povo. Compartilho a
mesma ideologia da Rádio 88 FM. _Ora, mas por dinheiro, diria alguns, eu também faria o mesmo.
Pois bem. Voce trabalharia por 19 anos em um
trabalho voluntário que o submetesse a longas horas de caminhada embaixo de um
sol escaldante carregando uma pasta cheia de mantimentos? Era o que eu fazia como
testemunha de Jeová. E fazia com prazer. De graça. Fazia isso para ajudar
pessoas a ler a Bíblia. (Ainda leio a Bíblia). Mas, eu abri mão de fazer parte
dessa Organização religiosa para participar das causas políticas e sociais. As
testemunhas de Jeová preferem se manter neutras, eu respeito isso.
Principalmente, quando vejo um pastor usar o nome de Deus para se eleger. Respeito
grandemente essa religião séria que me ajudou a desenvolver qualidades
verdadeiramente desejáveis como a empatia, a misericórdia, a humildade. Foi no
Salão do Reino que aprendi a ler bem e a me expressar com clareza utilizando a
retórica. Sempre falarei com carinho sobre as coisas que aprendi com as
testemunhas de Jeová.
Não obstante, tenho empatia pelo povo das camadas
sociais mais baixas. Eu cresci em uma comunidade. Sou órfão de pai desde os
cinco anos. Estudante de escola pública. Autodidata. Sofri para terminar o
segundo grau (Ensino médio) e entrar na Universidade. Isso estrutura seu modo
de pensar o mundo.
Tenho visto muita injustiça ocultada pelo discurso
fantasioso de alguns veículos de comunicação. Mas, em nome de meus princípios e
convicções religiosas, me abstive de qualquer envolvimento. Contudo, diante das
coisas que vi e ouvi nesses quase trinta anos de opressão... Não vejo porque
não apoiar o Lucio Pinto, um candidato que pensa como eu. Ele é o único que tem
a proposta de acabar com a opressão. O único que pretende fazer o que o povo
precisa: redistribuir o turismo e a renda de Porto Seguro.
Não sou ingênuo a ponto de imaginar que Lúcio vai
solucionar todos os nossos problemas sociais. Mas, tenho certeza absoluta de
que ele é o único que “quer” fazer isso. Seu irmão, Ubaldino, não conseguiu
fazer todas as mudanças que queria. Mas, tentou. Foi criticado por isso. Mas,
ele tentou. Obteve grandes avanços. E construiu com o seu pai o maior projeto
social de habitação que já houve na região. As pessoas daquela década de 90 que
se lembram, quando o Baianão começou a ser formado, o amam ao recordar isso. Ele
arriscou sua carreira, sua família, sua vida, pelo povo do Grande Baianão. E
até hoje, qualquer comemoração, até seu aniversário, algo mais íntimo,
compartilha com os moradores daqueles bairros. Em suma, o Lúcio, em minha
opinião, representa o resgate da dignidade do verdadeiro povo de Porto Seguro.
Não adianta dizerem que vão fazer festas para
melhorar o turismo de Porto Seguro. Caramba! Acorda meu amigo(a)! Porto Seguro
sempre teve as melhores festas do Brasil. O problema é que depois de Jânio,
houve uma separação social. Um acordo entre os “senhores do eixo” determinou
que pobre não entra nas melhores festas, porque a gente atrapalha. O Carnaval
bom é para os turistas. A gente é pobre. A gente precisa mudar socialmente para
participar das grandes festas, dos grandes eventos da cidade. Isso se chama
monopólio. Essa porcaria só serve para os ricos de Porto Seguro.
Por isso, eu estou com Lúcio. Eu sou 15 com fervor.
Sobre os outros adversários, como dizia em minha
comunidade: eu coloco tudo numa sacola,
dou um conto e não quero nada de volta.
Assim como Ubaldino, Lúcio trata com carinho o povo
comum de Porto Seguro. Ele representa o grito dos oprimidos, dos sem voz, dos sem
rosto, dos invisíveis e ignorados pela sociedade de Porto Seguro.
Por Flávio
Porto – DRT 6500 _ Radialista há 16 anos, Graduando em Letras pela
UNEB-Campus XVIII Eunápolis/BA.
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